sexta-feira, 3 de março de 2017

Conto - A História de Júlia - Parte 3

Antes de começar, leia a segunda parte aqui.

Ela acordou de madrugada, viu que ainda estava de vestido e sapatos. Cambaleante foi até o banheiro, despiu-se e entrou no box para iniciar um relaxante banho. Assim que liga o chuveiro, Douglas entra no box, beija-a, e sem dizerem uma palavra, se abraçam, terminam o banho e retornam à cama para aproveitar o resto de tempo para continuar a dormir.

Pouco antes das 11:00 acordam e começam a se aprontar para irem embora. O resto do dia foi como o de qualquer outro casal, almoço no shopping, cinema, etc.

Julia chega em casa, como o dia foi tranquilo, ainda não tinha sono. Colocou seu melhor pijama, apagou as luzes do quarto e ligou o notebook. A primeira coisa que fez foi pesquisar sobre sadomasoquismo. Leu alguns contos, viu algumas fotos e achou blogs de casais que praticam e decidiram compartilhar. Seu repertório de palavras aumentou, aprendeu o que é "bondage", "BDSM", "spanking", "sub", "dom", "domme", etc.

Mais tarde, no meio de sua pesquisa, recebe uma mensagem de Douglas:
- Oi amor, tá tudo bem?
- Oi! Tudo! Achei que já tivesse ido dormir.
- Não consigo, queria falar sobre o que aconteceu no motel, a gente nem tocou no assunto...
- Verdade, a gente precisa conversar.
- Vc ficou brava?
- Claro que não, eu deixei pq eu quis.
- Que bom! Como não tocamos no assunto achei que estivesse chateada comigo, por isso não conseguia dormir.
- Eu to olhando umas coisas na net sobre isso...
- Ahm
- Essa galera é doida! Mas a gente pode excluir umas coisas que eu não gosto e podemos fazer isso sempre
- Perfeito!

A conversa se estendeu por mais uns minutos e os dois dormiram.

A semana se passa arrastando, parece que a sexta não chegava nunca. Ainda mais porque Douglas tinha viagem de uma semana e partiria no sábado. Transaram, jantaram e se despediram. Eram mais ou menos 22:00 e Júlia já estava em casa.

Fez o mesmo ritual, pijama, luzes apagadas e pesquisa, desta vez, achou algumas postagens sobre "self bondage". Leu sobre diversas técnicas, viu alguns desenhos explicando técnicas de soltura, nós de forca, entre outros. Dormiu com tudo isso na cabeça, além disso, pensou na conversa que teve com Douglas sobre o gosto pelo BDSM, ficou mais tranquila ao saber que ela era a primeira e que também estava descobrindo suas preferências.

No dia seguinte, acorda cedo e se depara com seus pais correndo para cima e para baixo carregando potes de comida, utensílios de cozinha, bolsas, etc. Ela pergunta o que está acontecendo:
- Onde vocês vão, mãe?
- Hoje é o churrasco do seu tio lá na casa da praia do vô, você não vai?
- Ah mãe, esqueci, acho que vou deixar pra próxima.
- Tá bom filha, tem coisa na geladeira pra você almoçar e se for sair, tranca tudo direito, a gente deve voltar amanhã no final da tarde, se você estiver por aqui a gente sai pra jantar.
- Tá bom mãe, cuidado.
- Tchau!

Enfim só, Júlia começa a tomar café em frente a TV. Aquele ócio todo fez a relembrar de como foi gostoso ficar amarrada e transar, fez também sentir mais saudade do seu amor, além de sentir um leve tesão e quando percebeu, estava apalpando os próprios seios. Naquele momento, teve uma ideia, já que ficaria praticamente dois dias sozinha. Tomou banho, se vestiu e saiu de carro.

Foi até uma loja de material de construção, no carrinho de compras havia: um pacote de cem unidades de lacres de plástico e fita adesiva prata. Ao passar no caixa ficava pensando se o atendente não pensaria que ela é uma maníaca sexual ou uma criminosa que planeja sequestrar alguém, mas tudo foi bem tranquilo.

Chegou em casa e jogou todos os itens sobre a cama e iniciou os preparativos, primeiro pegou um pé de meia calça 3/4, colocou gelo, passou a parte de cima por dentro do cabo de uma tesoura e prendeu a meia em um ganho no teto onde ficava um pássaro de madeira, esta será sua única alternativa de liberdade. após certificar que o chão estaria livre de qualquer obstáculo, iniciou o processo de amarração. Ficou apenas de calcinha, uma bem confortável de algodão, amarrou seus tornozelos com um lacre e logo o tesão começa a tomar seu corpo, novamente com outro lacre, faz uma algema, e insere apenas um dos punhos e tira dois pedaços de fita prata e cola nos olhos. Nisso, as primeiras gotas do gelo já começam a cair, temendo não ter muito tempo, coloca os braços para trás e puxa com um tranco seco. O som deste se fechando se torna o único a ser ouvido naquele momento, seu primeiro movimento é tentar alcançar seu sexo, porém sem sucesso, o segundo é tentar alcançar o bico de seus seios, o que também faz sem sucesso. Passam-se vinte minutos e aquilo tudo passa a virar uma tortura, sua vontade de gozar fica cada vez mais forte, a cada movimento que realiza, uma gemida de agonia. De repente, ouve o barulho da campainha, logo em seguida seu celular começa a tocar e após o som se interromper, ela ouve o som da porta da sala se abrindo.

- July? É a Rafa! Você tá aí?

Sem saber o que fazer, tenta se soltar a todo custo, mas não consegue nada além de arranhões e batidas no pé da cama. Em questão de segundos, começa a ouvir o toc toc do salto alto de sua melhor amiga ficando cada vez mais forte e de repente ela para bem na porta de seu quarto.

- É amiga, acho que você tem muito o que explicar...


Clique aqui para ler a PARTE 4

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